HISTÓRIA NATURAL DE SONHOS
Naturgeschichte von Träumen
Fritz Müller
SEGUNDA EDIÇÃO
56 páginas, 2022
ISBN 978-65-84762-01-5
Organização
de Dennis Radünz
Tradução
de Lia Carmen Puff e Dennis Radünz
Ilustrações
de Jandira Lorenz
Desenho gráfico
de Vanessa Schultz
O naturalista Johann Friedrich Theodor Müller (1822-1897), Fritz Müller, migrou da Turíngia (Alemanha) para a Colônia Blumenau em 1852. Em 1859, em Desterro (Florianópolis) escreveu doze poemas sobre a fauna e a flora de Santa Catarina para alfabetizar suas nove filhas. Com tradução de Lia Carmen Puff (doutora em língua alemã pela Universidad Complutense de Madrid) e do escritor Dennis Radünz, "História natural de sonhos/ Naturgeschichte von Träumen" (título atribuído pelo organizador) foi lançado em 2004, pelo selo Nauemblu, e recebeu em 2005 o selo "Altamente recomendável" como tradução, concedido pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) / International Board on Books for Young People (IBBY). Essa nova edição celebra o bicentenário de nascimento do cientista alemão-brasileiro que foi correspondente de Charles Darwin.
LIVRO ADOTADO PELO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE / REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE ENSINO DE BLUMENAU EM 2022
Fritz Müller, naturalista-viajante
"Specht" lido por Tula,
Gertrud Mayr (1926-2018),
bisneta de Fritz Müller
Capa da primeira edição: 2004
SPECHT
„Guten Tag, Herr Specht! So fleissig wieder?
Wie läufst du so flink, Baum auf, Baum nieder!
Und klopfst und hämmerst aller Ecken,
Wo sich ein Würmchen möchte verstecken!”
Jetzt hat er gesucht von oben bis unten,
Hat nichts für seinen Schnabel gefunden,
Doch lässt er sich das nicht verdriessen:
„Ohne Mühe kann man nichts geniessen!”
Er flattert kreischend zum nächsten Stamm,
Und fängt sein Werk von Neuem an,
Und klettert wieder
Auf und nieder
Und sucht und pickt; -
Es schwankt und nickt,
Der rothe Schopf
Auf seinem Kopf. -
Jetzt horch, jetzt horch, da klingt es so hohl;
Da stecken viel Käfer und Maden wohl.
Da sitzt er still und klammert sich fest,
Den Schwanz zur Stütze angepresst,
Und hackt und hämmert mit Gewalt,
Dass es laut erschallt
Weit durch den Wald.
Nun hat er ein Loch durch die Rinde gebrochen;
Die Käfer erschrecken von all dem Pochen,
Und kommem eilig herausgekrocken;
Und kaum kommt einer hervor geguckt,
Hat ihn der Specht geschwind verschluckt.
PICA-PAU
“Bom dia, seu pica-pau! De novo assim animado?
Como andas rápido, árvore acima, árvore ao lado!
E em todos os cantos martelas e dás batidinhas,
onde se escondem as muitas larvinhas!”
Agora, de cima a baixo procurou
e nada para o seu bico encontrou;
mas ele não se deixa abater:
“Sem esforço nada vai acontecer!”
Batendo as asas voa ao próximo tronco
e recomeça o seu trabalho no pau oco,
e galga adiante,
como um infante,
e procura e bica;
balança e se estica
e o vermelho topete
na cabeça reflete.
Escute agora, escute, ali soa oco;
deve haver besouros e larvas no toco.
Então ele para e agarra-se firme,
o rabo peralta com apuro comprime,
e bica e martela com toda violência
e a floresta inteira escuta a potência.
Assim, rompe na casca um buraco,
assustando com barulho os bichacos,
que, depressa, saem fracos;
e mal um põe a cabeça de fora,
o pica-pau – de pronto – o devora.
Tradução de Lia Carmen Puff e Dennis Radünz
COMENTÁRIOS CRÍTICOS
EGLÊ MALHEIROS
no Diário Catarinense, em crônica de 6 de outubro de 2004:
(...) "Importante e belo. Um livro que é um objeto de arte...
Uma alegria para os olhos e um refrigério para a mente".
SILVEIRA DE SOUZA, João Paulo
no livro "Vias paralelas" (Florianópolis: ACL, 2008) (p.96-97).
"Os sonhos da natureza de Fritz Müller"
(...) entrechocam-se nos poemas de Fritz Müller as vicissitudes de pessoas, plantas e bichos. O mamoeiro que se defronta com a tamareira, a gaivota fisgada por um menino, as aventuras ou desventuras do pica-pau, do cavalo marinho, da paca, do vaga-lume, da água-viva. Mas é preciso que se diga que nada é chocante ou agressivo, tudo é entrelaçado com o amor paterno e a isenção e serenidade do sábio conhecedor das leis do mundo natural, contendo momentos descritivos de envolvente força lírica. E aí é preciso que se louve o trabalho dos tradutores de História Natural de Sonhos. Se nem sempre foi possível seguir à risca, tanto a métrica como o jogo de rimas dos poemas originais, Lia Carmen Puff e Dennis Radünz souberam recriar uma linguagem bastante aproximada da oiginal, em muitos momentos sensível e expressiva (...)
REFERÊNCIAS NA IMPRENSA (principais)
ASSIS, Evandro de – Poemas infantis de Fritz Müller
sobre animais e plantas de SC ganham nova edição
Portal NSC Total / A Notícia, 26 de abril de 2022.
BRUGNAGO, Pamyle - Versos a carregar / Ninho de histórias (publicação do poema "Formigas"/"Ameisen" e link de áudio).
Jornal de Santa Catarina, Blumenau, 31 de agosto de 2012.
BUSS, Deluana – Prazer de ler e olhar
Jornal A Notícia, Joinville, 7 de dezembro de 2004.
LIZ, Izabela - Naturalmente poético
Jornal de Santa Catarina, Blumenau, 6 de dezembro de 2005.
LIZ, Romi de – A poética natural da vida
Diário Catarinense, Florianópolis, 7 de dezembro de 2004.
RADÜNZ, Dennis - Aprendiz de seres
Jornal A Notícia, Joinville, 21 de maio de 1997.
SCHMITZ, Paulo Clóvis – Fritz Müller, o poeta escondido
Jornal O Estado, Florianópolis, 4 de agosto de 2004.