Escritas de silêncio: um diário, de Mirtes dos Santos

O livro “Escritas de silêncio: um diário” (Coleção Convés/Nave, 2024), de Mirtes dos Santos, é feito do acúmulo de notas sobre suas memórias e observações. Vivendo em Londres por muitos anos, a sua escrita íntima traz cenas de seu cotidiano, saindo para trabalhar como cleaner, faxineira, sem, no entanto, deixar de perceber as folhas das árvores, suas amigas, o tempo e as estações, a neve e o café, as aventuras simples, o amor pelo filho, a esperança. Das lembranças de infância no interior do Rio Grande do Sul, a menina travessa que foi ressurge em trechos e empresta o humor à mulher determinada, que encara seu passado, suas emoções do presente inscrito na luta diária e na busca de si, que tateia seus anseios de futuro. Como na carta-prefácio de Dilma B. R. Juliano, “ela não se fixa e, como tal, a escrita aparece como sua possibilidade de, em estado contínuo, estar perto e longe do passado familiar e da solidão do presente em terras estrangeiras”. Ou como escreve Janniny Kierniew, na orelha do livro, "Mirtes dos Santos traça uma travessia única que se arrisca na palavra e revela seus movimentos singulares, colocando em primeiro plano a potência da escrita enquanto formadora de si."
 

Coleção CONVÉS
Coordenação editorial: Patrícia Galelli 
Projeto gráfico: Tina Merz

Mirtes dos Santos nasceu em Porto Alegre/RS, em 15 de setembro de 1958, viveu em Florianópolis/SC entre 1986 e 2003 e, desde então, vive e trabalha em Londres (Inglaterra). Sempre atraída pelo universo literário, leitora de livros e das paisagens internas e externas, suas anotações reunidas dão forma agora ao seu primeiro livro: um diário que convida à conversa com a autora, um trabalho de memória e de silêncios escritos, que lhe constituíram e traçaram sentido ao seu fazer cotidiano.